terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Nós não estamos sozinhos!

Há algum tempo não escrevo certos delírios nestas páginas virtuais, mesmo assim pretendo atualizar mais um espaço conquistado no imensidão da grande rede. Não sei como ou quê preencherá esse pedacinho de dados. Continuo ativo, pensando o mundo que começa a dar sinais de morte da razão.
Se Zygmund Bauman, em sua obra, atesta que a pós-modernidade se inicia com o fim da utopias, começo a considerar a morte da razão e reflexão. Pensar, manifestar os pensamentos e querer discuti-los é realmente uma atividade fadada ao estranhismos geral. Deveríamos escrever novas páginas sobre a "vivência na pós-modernidade", redigir livros, monografias, dissertações de mestrado, quiçá teses de doutorado.
Pensar tornou-se um vício de desocupados, somente eles o fazem. Quando se executa o ofício de nada fazer, sem pensar, chama-no de "ter sucesso". Pensemos, sejamos incómodos, não toleremos essa mundialização da estupidez, quem sabe um dia possamos vencer, pelo menos de cansaço. Acho de reerguer o meio fronte. Ele não cairá, não há rendição. "Morreremos lutando".

sexta-feira, 25 de julho de 2008


Como já faz algum tempo que não escrevo no blogger, então vou colocar algumas informações aqui para não deixar de atualizá-lo.

A revista DISCUTINDO LÍNGUA PORTUGUESA lançou uma edição especial. Ela reuniu três edições em uma só, para aqueles que compram periodicamente a DISCUTINDO LÍNGUA PORTUGUESA, essa edição pode na verdade trazer prejuízos, já que o leitor acabar por comprar uma revista que já possui em casa, no entanto para quem perdeu algumas edições o preço compensa. A revista custa R$ 7,90; as a edição especial está nas bancas por R$ 9,80.

No conteúdo dessas edições nos temos:

(CAPA) Revolução Lingüística: A crescente informação tem incluído centenas de palavras inglesas no Português;

NA SALA DE AULA - Lições de cidadania por meio de fábulas e teatro;

GAFES DO PORTUGUÊS - O mau uso de palavras confunde leitores e ouvintes;

O SOM DAS PALAVRAS - Brincadeiras que contribuem com o nosso idioma;

PRODUÇÃO DE TEXTO - A estória não que ser história.

Boa leitura!

sábado, 28 de junho de 2008

NOSSA SOCIEDADE NÃO ENVELHECE


Um amigo me emprestou um texto para ler que fala sobre a velhice. Houve um comentário da autora a despeito da diferença entre ficar velho e a perda de memória decorrente da velhice; tenho 27 anos e fiquei chocado ao perceber que um atual discurso repetido constantemente sobre mim e meus pais quando esquecemos alguma coisa é: "Não se preocupe é a idade", contudo o texto tem como pedra fundante essa crítica: envelhecer é condição sine qua non de perda de memória? Ou há uma pressão social para criar um "discurso do velho".
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Quem envelhece fica automaticamente doente ou dizemos isso para ter uma desculpa ao afastar os velhos da nossa sociedade.
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Meu pai conserta ventiladores e está aprendendo a dançar. Minha mãe dança, faz hidroginástica e lê sem parar. Eles estão velhos? O que é ser velho hoje? Consumir, navegar na internet? Eles não compram com a mesma voracidade que nós e por isso são velhos? Eles não se interessam por orkut e messeger e por isso devo colocá-los em um asilo?
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Hoje consome-se produtos para não envelhecer. Mulheres com 40 e 50 anos montadas a botox e cirurgias plásticas viram símbolos sexuais novamente e dizem estarem ativas na cama como nunca! Nossa sociedade não quer ficar velha. Estamos vivendo em uma fonte da juventude. Ninguém envelhece, ninguém tem o direito de envelhecer.
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Tudo isso reflete o medo que as pessoas tem de ser esquecidas, que todos a considerem velha e por isso a enterrem viva em um asilo, ou na casa dos próprios filhos. Nós fazemos dos velhos doentes e incapacitados. Falamos sobre velhice como um estado terminal, como o fim. Envelhecer é saber, mas ficamos surdos para os velhos. Eles estão doentes demais para falar e velhos demais para se esforçar em ensinar. É melhor que fiquem, como no imaginário popular, nas suas casas comendo biscoito com leite e se balançando em uma cadeira de balança esperando o dia de sua morte que não tardará em vir.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

NUNCA TOCAMOS O REAL


Outro dia eu estava (re)lendo o livro de Kock, Coerência Textual, e me deparei com uma frase muito curiosa da autora: "O mundo criado pelo texto não é, portanto, uma cópia fiel do mundo real, mas o mundo tal com é visto pelo produtor a partir de determinada perspectiva, de acordo com determinadas intenções." (KOCH, 1999, p. 70)

Se o texto é uma tentativa de representar o mundo real, mas como fica claro nas palavras da autora, não é possível dizer que ali está um real limpo e imaculado, logo o real passa a ser algo que nunca poderemos vislumbrar. Lembro também de minha professora do curso de pós-graduação em Lingüística Aplicada as Práticas Discursivas, Tany Monfreddini, para a qual a realidade era "olhar através de um par de óculos", cada autor possui seu próprio "par de óculos" e ao lê-los nós devemos tentar entender que "par de óculos" ele usou. Esta metáfora é necessária para não fazermos leituras equivocadas do pensamento de Koch.

Nosso "par de óculos" é a maneira como enxergamos o mundo. Ler, portanto, é apreender um recorte da realidade e que possivelmente, levará o nosso próprio corte quando começamos a divagar sobre aquilo que acabamos de ler. Isto, talvez, nos leve a compreender por que os livros de auto-ajuda são em si mesmos gotas d'águas no oceano. Crer que um livro possui a resposta para um problema é imaginar que o autor é Deus: Omnipotente, Omnisciente e Omnipresente. Mas, os livros de auto-ajuda são recortes da realidade, um ponto de vista de alguém que passou por uma experiência (quando passou claro!!!) e resolveu contar em um livro o que fez, mas não é assim que as pessoas consomem essa literatura e muito menos como ela é vendida.


Os livros de auto-ajuda são vendidos como manuais do bem viver; ser feliz é uma questão de ler e perceber ali a resposta para os seus problemas, mas fica a pergunta: somos iguais? sentimos as coisas do mesmo jeito? passamos por experiências idênticas? com as mesmas pessoas? O outro mostrou seu "par de óculos", eu preciso aprender a montar o meu, através da minha própria leitura do mundo, não dando a "autores mais vendidos" o direito de dizer como devo ver essa realidade nunca quista.


Uma metáfora é possível para concluir essa leitura, Hércules em seus doze trabalhos tinha que enfrentar a Medusa; aquele monstro mitológico que tinha os cabelos de serpente e transformava em pedra todos aqueles que a olhassem diretamente nos olhos. Os livros de auto-ajuda são como Medusas que transformam em pedra seus leitores ao paralisá-los, iludido-os com a fórmula da felicidade, mas devemos olhar a vida assim como o fez Hércules, através do reflexo, daquilo que a imagem nos parece ser e talvez nunca seja. Ler é ver um reflexo do real, mas nunca o real.

sábado, 31 de maio de 2008

INTERPRETAÇÃO VERSUS COMPREENSÃO Parte - 2 (A compreensão)


A compreensão é completamente diferente e se faz por meio de uma teoria. Quando um juiz julga algo ele fez um curso para saber fazê-lo, ou seja, ele está munido de um repertório teórico para fazer um julgamento. No dia-a-dia o que se vê são apenas interpretações, pessoas que falam a partir de suas próprias experiências, mas há uma compreensão a respeito dos fatos, no entanto a pessoas precisão compreender que um conjunto de teorias são necessários para aplicar. Quando em sala de aula, nos debruçamos a "interpretar" (as aspas são propositais), na verdade desejamos realizar uma compreensão, saber aquilo que o texto diz, não "advinhar o que o autor esta a pensar", pois seria missão deveras falha. Compreender um determinado assunto não é interpretar. São elementos distintos.

sábado, 24 de maio de 2008

INTERPRETAÇÃO VERSUS COMPREENSÃO Parte - 1 (A interpretação)

Ao ler uma entrevista com a lingüísta Oni Orlandi. (para aqueles que desconhecem a ciência que estuda a linguagem, ela faz parte dos cursos de Letras). Em dado momento ela colocou algo que para mim foi determinante, disse ela que interpretar é algo subjetivo, mas compreender é algo teórico.
Interpretar é analisar o mundo através de mim. Quando eu observo e julgo o outro a partir de minhas concepções, trata-se de uma atitude muitas vezes preconceituosa, superficial. Filosoficamente seria chamado de senso-comum. Os programas futebolísticos são bons exemplos de interpretação. Não há a disciplina futebol, ninguém faz faculdade sobre futebol, mesmo aqueles que se julgam entendedores do assunto, assim o são considerados por terem experiência, ex-jogadores, ex-técnicos..., por isso há as tais "divergências". Falam do mesmo assunto, mas falam coisas completamente diferentes. Não digo que a interpretar seja dizer algo errado, o fundamento é outro. É um saber parcial, repleto de crendices; superficial a ponto da pessoa muitas vezes desconhecer a origem de tal idéia: "É o que dizem" ou "As pessoas falam muito isso", ou não sabe, apenas diz supondo ser seu saber, sua opinião.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Isabela Nardoni: fatos esquecidos

O caso Isabela Nardoni está presente em todos os meios de comunicação: jornal, revistas, rádio e televisão. Não há como não saber. O jornal da Band fez até uma pesquisa para saber a percentagem de brasileiros que já ouviu falar sobre o assunto.
Não estou aqui para mostrar aquilo que todos já sabem, não vim dizer aquilo que a todo o instante as pessoas já falaram ou até já inventaram sobre a morte da menina. No entanto, algo me chamou a atenção nesse caso. Quando o corpo da menina foi encontrado e a mídia teve acesso ao detalhes, no início superficial a despeito do que havia ocorrido, no dia seguinte os culpados foram encontrados.
O problema é que a mídia apontou o pai e madrasta como PRINCIPAIS suspeitos antes mesmo de a polícia concluir algo. No final de semana, especiais era montados, vizinhos eram entrevistados e os argumentos sempre os mesmo, provar que os culpados eram o pai e madrasta.
As pessoas não perceberam que na verdade isso ocorre o tempo inteiro, a mídia escolhe sempre seus suspeitos e culpados, antes mesmo das autoridades legais fazê-lo. Talvez um filósofo chamado Foucault tenha explicitado isso quando afirmou em seu livro "A ordem do discurso" que nós temos uma necessidade de verdade, que necessariamente não precisa ser a verdade.
Nesse caso em particular essas palavras ganham sentido. Não importa para as pessoas se a mídia detém a verdade ou não, mas a cobrança social por uma verdade faz com que aquela produzida seja a consumida e aceita com sendo, dentre todas as outras, A VERDADE primerva. Mas, alguém poderia dizer: "O pai e a madrasta são os culpados, a polícia provou isso, a mídia estava certa!", mas e se estivesse errada e se não fosses eles, até que ponto essa escolha antecipada poderia influenciar nas investigações?
Saber olhar a mídia de uma maneira crítica é papel da sociedade, mas como poderemos confiar na sociedade se esta ainda olha com uma fascinação ímpar a "caixa mágica" que fala ao aperto de um botão. A visão ingénua dos telespectadores faz com que a mídia ganhe poder, nós estamos fortalecendo a mídia e a mídia está vendando nossos olhos.

sexta-feira, 21 de março de 2008

A SUBSTÂNCIA DO SUBSTANTIVO

Não consigo compreender como alguns professores de língua portuguesa nunca perceberam a relação existente entre as classes de palavras e o próprio significado que elas contém.
Um desses exemplos advém da palavra SUBSTANTIVO, talvez por preguiça ou por falta de pura curiosidade mesmo, os professores não se perguntam por que substantivo se chama assim? Será que "deu na telha" dos gramáticos e assim passou a ser chamado? Como supostamente ocorreu com Adão na Bíblia, que, em um surto de criatividade, batizou todos os animais do paraíso? Não, isso não aconteceu com os gramáticos.
A palavra SUBSTANTIVO vem do latim /substantivu/; a palavra SUBSTÂNCIA tem origem também do latim /substantia/, ou seja, ambas têm o mesmo radical /substanti/ mostrando que possuem a mesma origem. No entanto, fica a pergunta: ter a mesma origem implica em que no ensino contidiando de nossos alunos? Bem, podemos responder isso procurando entender a relação de significados entre as duas palavras.
É costume ler em gramáticas e livros didáticos que o SUBSTANTIVO é aquela palavra que dá nome aos seres, objetos e lugares e, além disso, pode variar em gênero, número e grau. Já a palavra SUBSTÂNCIA, segundo o dicionário Aurélio (2004) traz várias definições, mas dentre elas algumas nos são preciosas: "é a parte essencial/ o que tem propriedade, força, vigor, resistência/o que realmente importa ao espírito, fundo, conteúdo. Agora observem essa última definição: "é o que constitue a base, o ponto fundamental de uma questão, de um assunto, o essencial".
Vamos pensar: se a SUBSTÂNCIA é algo essencial, é a base, será que o substantivo não seria isso para uma frase ou um texto?
Veja esta frase: "A menina é grande." O que vai acontecer se retirarmos aquilo que é mais importante da frase? "A ________ é grande." O leitor consegue perceber? Sem o SUBSTANTIVO a frase perde completamente sua base ou aquilo que lhe era essencial. Isso também explica por que a frase ela se organiza dessa forma, do que estou falando?
Perceba: por que o artigo "A" está no feminino? Porque a parte mais importante da frase também está. Por que o verbo "é" está no singular? Porque a parte essencial da frase está no singular. Por que eu sei que a palavra "grande" é um adjetivo e não um substantivo? Porque a base da frase é "menina", "grande" apenas está dando uma caracterítica a palavra base da frase.
Imaginemos uma frase sem substantivos; trata-se de uma frase sem base, sem sustentação. Em vez de ficarmos ensinando nosso aluno definições (para eles algo muito abstrato), seria melhor dizer-lhes que o SUBSTANTIVO é a parte mais importante da frase ou texto, sem os SUBSTANTIVOS não podemos redigir nada, pois retiraram aquilo que lhe dava sustentação.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O Big Brother nosso de cada dia


Este é o Big Brother Brasil 8. Quando o primeiro deles passou pensei ser uma dessas modas como pagode, rock, brega..., mas enganei-me este é o oito. E sabem o que isso representa? Que o Brasil pela oitava vez sentará de frente a televisão e assistirá um bando de pessoas selecionadas, não por suas capacidades intelectuais ou por suas contribuições para a humanidade, mas sim, por possuirem corpos exuberantes que, após o término do programa, serão expostos em revistas semi-nus ou totalmente nus.
Quando o primeiro Big Brother passou na tevê eu tive raiva da Globo, ver como essa emissora manipula as pessoas direcionando uma programação que atende as exigências das massas e não procura orientá-las. Uma programação que não está preocupada com a formação do cidadão, mas apenas com a informação que é curta e cheia de preconceito; não faz ninguém REfletir, apenas REpetir o que os repórteres comentam. Eu pensei que deveria odiar a Rede Globo, mas depois para e pensei, bem não estaríamos no número 8 se não houvesse pessoas para assitir.
Fiz uma rápida pesquisa no google com a palavra BBB e encontre o astronômico número de
766.000. Como tantas pessoas que possuem internet, um público mais selecionado, perde tanto tempo falando disso. Fui mais longe procurei mais dados sobre BBB8, agora 320.000 dos internautas, especificamente gastam seu tempo falando do novo Big Brother. Quando saiu as ruas só ouço falar disso, mesmo aqueles que dizem "não gostar" hora ou outra admitem: "Não há mais nada para assistir", fico com a MTV, "Desligue a tevê e vá ler um livro".
Como havia dito, não estou mais com raiva da Globo, acho que ela faz muito bem o seu papel de NADIFICAR o nosso telespectador; o que realmente me irrita é o povo que assiste o BBB8 com a desculpa de "não ficar de fora das conversas". O que as pessoas não percebem é que elas já estão "de fora". Quem disse que Big Brother é nosso mundo? Quem disse que estar dentro emersso no mundo é falar de Big Brother. Não, todos estão fora, olhando uma caixa mágica, vendo imagens de um certo contingente de pessoas que passam o dia inteiro fazendo NADA, como muitos no Brasil gostariam de fazer. Não nascemos para ser muito menos do que vemos na tevê no Big Brother nosso de cada dia. No fundo, talvez queiramos ser aquilo..., nada.