quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Questão de número 25 da prova da PM-PE (2009) anulada, saiba o porquê.

A prova da PM-PE deste ano teve, na questão 25, quatro frases a serem analisadas:

I. Haviam muitos problemas para resolver;
II. Hão de existir leis que protejam os mais fracos de fé;
III. Hão de haver leis que protejam os mais fracos;
IV. Podem haver seres viventes em outros planetas.

Percebe-se que a questão trata do verbo HAVER como impessoal, ou seja, quando o verbo HAVER não se refere à pessoa e, portando, fica sempre na 3ª pessoa do singular.

E como sabemos que o verbo HAVER é impessoal?

Quando possui o sentido de EXISTIR, OCORRER ou ACONTECER:

Há pessoas desonestas no Brasil. (equivale a dizer) Existem pessoas desonestas no Brasil.

Houve um acidente na estrada. (equivale a dizer) Ocorreu um acidente na estrada. ou Aconteceu um acidente na estrada.

Portanto, nas frases I, III e IV o verbo HAVER tem sentido de EXISTIR e deveria estar no sigular. As frases escritas da maneira correta seriam, respectivamente:

Havia muitos problemas para resolver;

Há de haver leis que protejam os mais fracos;

Pode haver seres viventes em outros planetas.

A frase de número dois está correta, pois o verbo haver é verbo auxiliar do verbo existir e, logo, flexiona-se.

Portanto, a resposta seria, no gabarito a resposta seria a letra A, como saiu no gabarito preliminar; há resposta, então por que a questão foi anulada? Ocorreu um erro no comando da questão. Como assim? O enunciado da questão pedia ao candidato que encontrasse um erro de regência verbal, mas a flexão de número (singular ou plural) é contemplado pela concordância verbal.

É isso, um forte abraço!

sábado, 14 de novembro de 2009

UM DOS QUE / UMA DAS QUE

O pronome relativo QUE obriga a concordância com o antecedente, mas não se faz estranhar ouvirmos ou vermos frases como:

Não foi eu que fez.

Não foi eu que fiz.

Não fui eu que fez.

A norma padrão é clara! O pronome relativo QUE concorda com o antecedente, neste caso, com o pronome pessoal do caso reto EU, portanto, verbo flexionado na 1ª pessoa do singular.

Ex.: Não fui eu que fiz. (É a maneira correta).

Como tudo na vida possui exceções, a gramática normativa não escapa a essa regra.

Com as expressões UM DOS QUE e UMA DAS QUE o verbo deve ir para o plural.

Ex.: Fui eu um dos que FIZERAM a bagunça.

Ela foi uma das que ASSUMIRAM a responsabilidade.

OBSERVAÇÃO:

Alguns escritores deixam o verbo no singular. A prova da PM de 2004 trazia uma matéria jornalística do Jornal do Commercio com o seguinte fragmento:

"Os seguranças acreditam que um dos quatro assaltantes que estava em outro carro ficou ferido".

A expressão UM DOS QUE aparece separada pelo enunciado "quatro assaltantes", mesmo assim a norma permanece, por isso o verbo deveria estar na 3ª pessoa do plural (ESTAVAM) e não no singular.

É isso ai.
Um forte abraço e até a próxima!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

PRONOMES OBLÍQUOS ÁTONOS

Os pronomes oblíquos átonos são empregados como elementos refenciais, ou seja, que retoma ou antecipam termos em um enunciado ou texto. Mesmo conhecendo-os, há momentos de supresa, pois a gramática ainda guarda seus segredos.

“Pedia um mote, davam-lho, ele glosava-o prontamente”, assim escreve Machado de Assis em Memórias póstumas de Brás Cubas. Não, caro leitor virtual, o fragmento não aprensenta erro algum, está grafado de maneira correta é LHO mesmo. Trata-se de um fenômeno chamado contração, ou seja, a união de dois termos onde alguém sofre perda fonética, neste caso fica claro, já que LHO seria a soma de LHE + O.

Ex.: Ofereci um covite ao amigo para beber. Porderia ser escrito da seguinte forma:

Ofereci-o ao amigo para beber.

ou

Ofereci-lhe um convite para beber.

ou (Podemos contrair os pronomes):

Ofereci-lho para beber.

Contudo, um exclarecimento é válido. Os pronomes oblíquos são utilizados em (con)textos, caso não estajam é impossível para quem lê saber a quem se refere.

Obrigado por ler!

Um forte abraço!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

AULA SOBRE REGÊNCIA VERBAL

Olá, caros alunos, sejam bem-vindos!

Abaixo, consta o link para o download do arquivo sobre regência verbal, aqueles que não conseguiram executá-lo ou baixá-lo, favor enviar um e-mail explicitando seu problema para o e-mail que segue anexo:

l.antoniobn@gmail.com

Download do arquivo:

regência_verbal

Obrigado! Vejo-os na próxima quarta-feira.
Um forte abraço! Até lá!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

PESQUISA DE PORTUGUÊS

Meus caros alunos,

Abaixo está o link para fazer o download do arquivo sobre a ficha de entrevista, não precisa editá-la, apenas copiem e imprimam.

Download:

Questionário_para_pesquisa

Bom trabalho!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

DIA DO PROFESSOR: O QUE COMEMORAR?


A data que antecede o dia do professor (o dia 14 de outubro) foi marcado por um sentimento simples e franco: frustração.

Não caro leitor, nada há de especial no dia 14, mas o posterior sim e este não foi lembrado por grande parte dos alunos que leciono. Quando não me parabenizavam quase como uma zombaria, pois eles (meus alunos) festejavam o feriado. Sim! O dia do professor é apenas mais um feriado.

"Você precisa estimular seus alunos a valorizar o dia do professor", diram certos discurso pedagógicos. Fico a perguntar-me se detrás de suas cátedras, o professores que escrevem livrinhos R$ 1,99 e dão palestras R$ 100, 99 teriam algo menos redundante para dizer.

Após lecionar no período diurno e tacidurno, percebi que a pergunta mais inteligente que meus alunos conseguiram me fazer foi: "Posso beber água?" ou "Posso ir ao banheiro?"; mas somos nós, professores, que estamos lecionado errado. O problema da educação é culpa nossa. Não são os baixos-salários, as péssimas condições de trabalho, a extensa jornada de trabalho, a degradação social, baseada no imperativo do consumo, muito menos uma sociedade que pensa como a Globo e fala pela Globo..., não! Os livrinhos com fórmulas prontas e miraculosas (que detalhe: só funcionaram com as pessoas que os escreveram, pois as demais que não souberam aplicar aqueles métodos são taxados... - advinhem? - de incompetentes).

Uma educação que tem por base o ensino particular, e este é mediado pelo código do consumidor (trazendo a máxima: "O freguês tem sempre razão!"), não pode funcionar. O que vemos? Ensina-se cada vez menos, o nível dos conteúdos decai, já que é preciso conservar o alunos. Aluno reprovado é aluno transferido. Portanto, quantidade, não qualidade. O pouco que se ensina ainda não é adequado, tendo em vista que as notas baixas são maioria. Faz-se um trabalho aqui, arruma-se um ponto ali e pronto! O milagre da aprovação.

O que os livrinhos não falam é que a educação deve sofrer uma revolução. O narcisismo parterno é justo, esse é seu papel. O papel da escola é educar, transmitir conhecimento, desenvolver conhecimentos. Pois, se o conhecimento encalhar (que é isso que a televisão faz!), o ser humano pára. É mais fácil escrever livrinhos propondo soluções hipotéticas, do que escrevê-los para propor uma reestruturação total do ensino. A partir de suas bases, a partir daquilo que o professor precisa para dar aula: RESPEITO! A palavra respeito está no sentido amplo: desde o silêncio, que é sim algo importante para haver transmissão do conteúdo, que para aqueles que vivem de vender ilusões para vender livros, é importante! Repito: o conteúdo é importante! Pois, o saber liberta.

Mas, o candidato que priorizava a educação: Cristovão Buarque, recebeu 2,5% dos votos nas eleições de 2006. Não creio mais, diferente dos vendedores de livrinhos, que um belo dia nossos pobres e miseráveis vão despertar com o sintoma da consciência, que no mínimo foi implementado pelos educadores, magicamente, e tudo irá mudar. Não! A revolução virá, primeiro, do nível superior, das faculdades, dos professores e estudantes universitários. Eles podem mudar algo, pois possuem o discurso científico e as pesquisas para provar aquilo que todos sabem, mas aparentemente ninguém deseja falar: nossa educação está um lixo, nosso alunos não possuem outra função a não ser tornarem-se futuros consumidores e apenas isso, quem não pensa, não pode controlar o impulso para comprar e se endividar, essa é a lógica do capital é disso que precisa para sobreviver, fazer com que as pessoas comprem, comprem e comprem.

Contudo, alguém, lá no final da fila proclamará: "A culpa é dos professores!" e todos vão se regorzijar, porque é mais fácil assim. Eles finjem que mudam e nós (os professores) figimos que fazemos mudar. Por isso, lembre-se: os culpados somos nós!

domingo, 11 de outubro de 2009

"VALORIZAÇÃO DO IDOSO" - Tema do ENEM 2009 (a prova que vazou)!


Uma aluna do CONTATO-Centro, perguntou-me recentemente a despeito do tema citado: "Mas era para falar do idoso no Brasil ou no mundo?"; As propostas do ENEM mexem com temas sociais que exigem (repito EXIGEM) uma solução na conclusão. Logo, o problema do idoso é um problema pátrio.
O Japão, por exemplo, criou uma política de valorização do idoso. Lá, velho é sinônimo de patrimônio histórico. Muito difere do Brasil, país que teima em tratar o idoso como reserva humana. Não é à toa que a proposta trazia o estatuto do idoso. Para mostrar que muito mais do que uma pessoa que está fora do mercado de trabalho, o idoso é um ser humano, como qualquer outro que merece os cuidados devidos.

No entanto, algumas problematizações são pertinentes:

1º - Um texto que acompanhava a coletânea, falava sobre a longevidade das pessoas, ou seja, estamos vivendo mais. O que implica pensar, como em um sistema que presa a automação, a velocidade, a agilidade..., podemos manter o idoso nela. Como podemos disponibilizar um mercado de trabalho para essa classe? Sobre a aposentadoria, como sustentar tamanha carga tributária? é direito do trabalhador se aposentar. Ele já deu contribuições suficientes para o país, mesmo assim onde está o descanso depois de longos anos à fio de trabalho? Em uma aposentadoria mediocre? Nas filas dos hospitais públicos? Nos remédios carríssimos que o governo não fornece? Como envelher assim? Caso, o medo seja mais forte e o idoso deseje proceguir no seu ofício, como sobreviver em um mundo tão jovem e rápido?

2º - O terceiro texto, um poema, traçava um antagonismo entre as palavras velho e idoso. Talvez, fosse o ensejo para o candidato surpreender a banca falando sobre um fenômeno bem característico dos nossos tempos: a ditadura da juventude. Existem, hoje, várias propagandas e todo um discurso que nega a velhice e impõe a jovialidade. Observemos as atrizes globais que estão entre 40 e 60 anos, atualmente, nas novelas aparecem cinquentonas travestidas de símbolos sexuais. Condenando aquelas mulheres que estão curtindo o envelhecimento, que aprenderam a apreciar os netos e adoram serem chamadas de vovó. Lembro sempre de um texto escrito por Lia Luft à revista VEJA, no qual ela dizia algo assim: "Não gosto daquelas pessoas que dizem que tem corpo de 50 com cabeça de 20"; Há uma espécie de imposição, lei marcial ditada pela mídia e por uma cultura formada por esta, que nos proíbe de ficarmos velhos. Em uma propaganda de uma empresa que vende armações de óculos, uma senhora anunciava "com esses óculos, fico mais jovem".

Não aconselhamos os candidatos a retirar nenhum fragmento da coletânea de textos ali presentes. A redação é do candidato, portanto a seleção dos textos para compor sua argumentação adviria de leituras anteriores. O fera que se manteve bem informado estava preparado para redigi-lo. Para aqueles que se sentiram alividos pela prova do ENEM ter vazado, pois não saberiam produzir uma dissertação sobre o tema, vale a dica: intensificar a leitura e produção de redações.

POR QUE FREGUÊS ESCREVE-SE COM "S"?

Os adjetivos pátrios são palavras usadas para expressão origem (português --> portuguesa, inglês --> inglesa, japonês --> japonesa); títulos de nobreza (duque --> duquesa, marquês --> marquesa, componês --> camponesa); profissão (poeta --> poetisa, profeta --> profetisa). Todas grafam-se com "S". Mas, como explicar freguês/feguesa? Já que não indica origem, título de nobreza ou profissão?

A palavra FREGUÊS vem da expressão latina filiu ecclesiae, que quer dizer "filho da igreja", paroquiano. Antigamente, quem frequentava a igreja era um freguês. Como o comércio proliferava ao redor da igreja, os "filhos da igreja", costumavam comprar lá, ao decorrer dos anos o significado foi substituído. Freguês, passou a designar a pessoa que compra algo.

No significado original, "filho da igreja", poderia ser considerado um título de nobreza, logo é sim um adjetivo pátrio, portanto, escrito com "S".

Um forte abraço!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A GENTE FOI OU A GENTE FOMOS?

Há regras de concordância verbal que por não citarem todas as possibilidades da língua escrita, deixam certos alunos com dúvidas.

A gramática normativa diz: Quando o substantivo for um coletivo, o verbo permanece na 3ª pessoa do singular (ELE). Logo, expressões como: A MAIORIA, UM GRUPO, UM BANDO, O PESSOAL...

Ex.: O pessoal saiu cedo.

A maioria votou a favor.

O que é um coletivo?

São palavras escritas no singular, mas que se referem a mais de um ser. Por isso, GENTE é coletivo, segue a regra dos coletivos, verbo na 3ª pessoa do singular (ELE).

Ex.: A gente foi ao show.

A gente saiu cedo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

PARTICÍPIOS REGULAR E IRREGULAR

O particípio é uma das formas nominais da gramática normativa. Tem como desinências: -ado e -ido.

Exemplos:

Cantar > Cantado

Comer > Comido

Partir > Partido

Parece simples, mas é comum ouvirmos frases como: "O fósforo é acendido...", "O garoto é benzido...", "Tinha preso o bandido", "Tinha aceso o fósforo".
O particípio é utilizado para formas tempos compostos, locuções verbais e é obrigatória na voz passiva.

Sabe-se que os verbos auxiliares TER e HAVER exigem o particípio regular (terminados em -ado e -ido).

Portanto, o correto das frases a cima seria:

Tinha prendido o bandido. ou Havia prendido o badido.

Tinha acendido o fósforo. ou Havia acendido o fósforo.

Os auxiliares SER e ESTAR exigem o chamado particípio irregular (forma reduzida de alguns particípios regulares: aceito (de aceitado), aceso (de acendido), bento (de benzido), expresso (de exprimido), expulso (de expulsado), enxuto (de enxugado), preso (de prendido), dentre outros.

Logo, reescrevendo as frases:

O fósforo foi aceso. ou O fósforo estava aceso.

O garoto é bento.... ou O garoto está bento...

Lembre-se que os verbos dizer, fazer, escrever, abrir, pagar, gastar e ganhar, só admitem o particípio irregular.

Dizer > dito

Fazer > feito

Escrever > escrito

Abrir > aberto (não existe abrido!)

Pagar > pago (pagado está em desuso)

Gastar > gasto (gastado está em desuso)

Ganhar > ganho (ganhado está em desuso)

As formas acima aceitam os pares TER e HAVER ou SER e ESTAR.

Um forte abraço!

sábado, 5 de setembro de 2009

POR QUE NÃO TEMOS O PRETÉRITO MAIS-QUE-IMPERFEITO?

A gramática é clara em sua definição: "O pretérito mais-que-perfeito é um passado que se remete a outro passado." Como assim? Existe um passado anterior a outro passado? Exatamente! O que é necessário compreender é que há ações que pessoas realizaram antes das nossas. Imaginemos, para ilustrarmos, o ano de 1.500, descobrimento do Brasil. Nenhum dos leitores deste blogger passou por aquela experiência, portanto podemos lembrar do que fizemos a 15 minutos, ontem, anteontem..., mas os fatos ocorridos quando Cabral avistou nossa costa (a não ser pelos livros de história) não somos capazes de rememorar. Por isso diríamos sem titubear:

"Eu não havia nascido quando Cabral CHEGARA ao Brasil".

Mas, os leitores com uma percepção linguística afiada perguntariam: "Só podemos usar o Pretérito Mais-Que-Perfeito quando nos remetermos a passados 'pré-históricos', ou seja, eventos ocorridos antes de nossos nascimentos?" Não! A história acima é apenas ilustrativa. Sabemos que enquanto realizamos uma ação alguém pode tê-la feito antes. É o caso de ir ao banco. Se desejo chegar no banco cedo para evitar filas é bem provável que mesmo saindo antes do galo cantar haja alguém lá que passou a noite. Para narrar o episódio diríamos:

"Eu cheguei cedo no Banco, mas alguém CHEGARA antes de mim."

O Mais-Que-Perfeito nasce da 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito (NOS VERBOS REGULARES); corta-se o "m" final e acrescentam-se as desinências número-temporais correspondentes.

Exemplo:

Pretérito perfeito do verbo amar (ONTEM ELES AMARAM), sem o "m" final fica "AMARA". Pronto, agora é só conjugar:

Eu AMARA
Tu AMARAS
Ele AMARA
Nós AMÁRAMOS
Vós AMÁREIS
Eles AMARAM

A única mudança ocorreu na 2ª pessoa do plural, as demais seguem a regra.

Vamos agora à pergunta do título:

O pretérito MAIS-QUE-PERFEITO é um tempo verbal que aconteceu antes de outro fato que também já terminou. Dos outros pretéritos que temos (o perfeito e o imperfeito), somente o PERFEITO faz menção a ações concluídas no passado. Logo, dizer FIZ, FUI, CANTEI, implica afirmar, respectivamente, que EU JÁ FIZ ALGUMA COISA, JÁ FUI A DETERMINADO LOCAL E CANTEI TAL MÚSICA, mas agora essa ação não é mais praticada. Portanto, os verbos, na grande maioria, que utilizamos antes do MAIS-QUE-PERFEITO estão no pretérito perfeito do indicativo.

Exemplo: "Assim que eu cheguei, ele saíra".

CHEGUEI - 1ª pessoa do singular do pretérito perfeiro do indicativo do verbo CHEGAR.

SAÍRA (extraído da 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito - ONTEM ELES SAÍRAM; corta-se o "m", fica-se SAÍRA) - 3ª pessoa do singular do pretérito mais-que-perfeito).

sábado, 11 de julho de 2009

POR QUE VOCÊ NÃO DEVE DOAR AO CRIANÇA ESPERANÇA?

"Sempre que vejo a campanha e a arrecadação gigantescas do Criança Esperança, me vem logo o pensamento: Vai faltar criança..." (Millôr Fernandes)

Após uma noite de chuva tempestuosa vários bairros acordam debaixo d'água. O prefeito da cidade declara estado de calamidade pública, os telejornais não abordam outro assunto a não ser, como moradores humildes de barracos e casas de taipa habitando regiões periféricas perderam tudo durante a enchente. Imagens de mulheres chorando aparecem na televisão para a comoção geral da nação. De repente o jornalista, em uma pausa estratégica para fingir compartilhar o mesmo sentimento que o telespectador anuncia como é possível fazer doações...

O lugar-comum aponta uma fatalidade, um ponto cego diante do problema. Sempre que há um desastre no Brasil, os telejornais festejam o "espírito fraternal" do povo por doar aquilo que muitas vezes nem possuem para os necessitados, contudo não se vê esse empenho partindo das próprias emissoras, ou seja, grandes empresas (incluindo seus donos), artistas
famosos (como as garotas frutas, por exemplo), e os donos das grandes redes de televisão retirando dinheiro dos próprios bolsos para colaborar com a campanha. O que parece ser um comentário, ingênuo e sem fundamento ganha veracidade diante de alguns dados estatísticos.

O valor do salário mínimo é 465 reais. Gugu recebeu da Record uma proposta para abandonar o SBT de 3 milhões mensais. Xuxa Meneghel recebe 2 milhões. A apresentadora Eliana fatura 4 milhões de dólares por mês através de produtos que levam o seu nome. Um senador embolsa 102, 3 mil reais por mês. Um cidadão comum paga em imposto 4.800 reais por ano. Observando novamente o valor do salário mínimo percebe-se a ironia por trás dos números apresentados. Após depositar nos cofres públicos tamanha quantia, a população recebe a contra partida um serviço de saúde que beira o caos e um sistema educacional que desinforma mais que informa.

Se o governo recebe através de impostos 4.800 reais de cada cidadão, por que não consegue devolvê-lo com obras e melhorias infraestruturais? E além do mais, por que se precisa doar dinheiro, roupas, comida..., fazer doações a ONGs e entidades beneficentes? E, talvez a pergunta mais capciosa, por que quem arca com a responsabilidade é uma população que paga tamanha carga triburária? Porque os grandes astros e estrelas, políticos e essas pessoas que formam a elite nacional abrem mão de seus patrimônios, mas a população sim? Para onde vai o dinheiro pago em impostos?

Levando em consideração que a saúde e a educação foram citados acima, vamos a outros dados: um professor na rede pública de ensino recebe 950 reais; médico pelo SUS, 2,50 por consulta. A disparidade salarial traz uma lógica irrefutável, para que doar ao Criança Esperança? Seria mais prudente cobrar as autoridades responsáveis para investir todo o dinheiro suado que o brasileiro paga em impostos? Exigir melhores salários para os profissionais que prestam serviços fundamentais como educação e saúde? Do que ver um grupo seleto de pessoas que não contribui em nada receber milionárias quantias? Xuxa, Gugu, Eliana... possuem acesso aos melhores hospitais e seus familiares frequentam as melhores escolas, acham realmente que eles estão preocupados com o que acontece na rede pública de ensino ou nos hospitais conveniados ao SUS?

Mas, existe algo sinistro em toda essa história. Algumas pessoas fazem doações por outros motivos. Talvez, elas queiram parecer justas. A falsa moral escondida nessas atitudes está em bandarmos em bons pulmões: "Nós doamos, somos bons, eles não!" ou, possivelmente, "Nós passaremos pelas portas do céu, eles arderam no fogo do inferno!", o consolo póstumo gera a acomodação. Alimenta a alma e empobrece a nação. Transforma pessoas comuns em santos à espera da beatificação. Doar é bom, melhor seria não fazê-lo, pois teríamos menos desculpas e mais atitude.

Fontes citadas retiradas da internet.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

FALANDO UM POUCO SOBRE O CAPITALISMO

O capitalismo é um sistema desigual por natureza, pois transforma o mundo em um imperativo darwinista: os mais fortes sobrevivem; fracos pereceram. Ao afirmar isso, muitos balançaram suas cabeças em concordância, no entanto poucos conseguem estender o pensamento para conclusões mais óbvias, porém não tão claras. Por ser um sistema desigual, o capitalismo é antônimo de "democracia", "ONU", "Criança Esperança", "Ajuda ao próximo"..., só para citar palavras e expressões que costumam encher a boca dos falsos pobres em épocas natalinas. Não há esmola que alivie a fome, pois a voracidade do capital exige a pobreza sacramentada, não podemos, nem no delírio mais insano, imaginar uma sociedade capitalista igualitária. Essa realidade discursiva é conclamada pelos burgueses, para pôr uma cortina na mente dos mais necessitados. Pregar falsas esperanças, por sinal, é lugar-comum em uma sociedade capitalista, pois somente assim, a burguesia encimenta sua posição.
Portanto, que a pergunta feita no filme Matrix seja um convite à reflexão: "Você já teve um sonho que achou que fosse real?"; o capitalismo-democrático é o sonho-realidade da nossa sociedade. O despertar ocorrerá de maneira semelhante ao da personagem Neo, quando perceber sermos alimento para um sistema falido e decadente.

sábado, 13 de junho de 2009

ADÃO, EVA, A MAÇÃ E O DESEJO NA PSICANÁLISE

Quando a psicanálise se encontrava entregue a toda e qualquer divagação eis que surge a figura de Jacques Lacan. Então cursando medicina, mas se especializa em psiquiatria, defende sua tese: "Da psicose paranóica e suas relações com a personalidade", é nesse momento que rompe com os trabalhos psiquiátricos. Começa a fazer análise com Loewestein e tem seus primeiros contatos com a psicanálise de sua época é quando percebe a grande deturpação que a teoria freudiana havia sofrido nos últimos anos. Lacan propõe o retorno a Freud para evidenciar que o pai da psicanálise não aprovaria certas práticas clínicas da década de 50.

O conceito de desejo é pedra angular da teoria lacaniana, pois evidência um elemento nodal: a falta. Para Lacan, o ser humano é o ser da falta, portanto do desejo.

O desejo nasce nos primórdios da infância, quando na tenra idade o infans, ser egoncêntrico por natureza, acha que o mundo se resume a ele próprio e a mãe. O pequeno detém aquilo que falta à mãe, que na ilusão da criança, trata-se dele mesmo, ou seja, o que falta à mãe é a criança e já que ela o tem, não há mais nada faltando, sendo assim, para este também não existe vazio, a mãe lhe completa. Essa falsa completude finda com o aparecimento da figura paterna. O pai surge como um intruso para mostrar a criança que ele não é aquilo que falta a mãe. Sendo expulso da totalidade, o infans fica marcado pela falta.

O desejo funciona assim: "deseja-se o que não se tem". É necessário não possuir para desejar. A vontade de comprar um carro novo só eclode quando o produto não está sobre nosso poder. Daí o filósofo alemão Hegel tê-lo chamado de "vazio ávido de conteúdo".

No mito bíblico de Adão e Eva, temos um exemplar presente na tradição do conceito de desejo. Quando Deus fala para ambos não tocarem no fruto proibido, coloca um terceiro elemento. Antes, Deus estava para Adão e Eva, assim como Adão e Eva estavam para Deus, havia a totalidade, sem desejo, portanto. Sem ter o que desejar, o paraíso permanecia estável, previsível. A maçã representa a lacuna, o primeiro sintoma sentido pelos habitantes do paraíso fora uma falta, a nudez. A serpente, chamada de demônio, tentação, seria o inconsciente impulsionando-os para um objeto de desejo, algo que eles tinham, mas não poderiam tocar, não poderiam ter, uma árvore fálica que conteria a chave das algemas do todo. A liberdade, aconchapante, regida pela culpa deixa ambos diante de uma pergunta lacaniana: "O que deseja de mim o Outro(maiúsculo mesmo)?" Concumitante, a noção de pecado aqui, é substituta da palavra desejo. Adão e Eva aprendem a desejar, o ser significa "o não-ter". O objeto proibido, a maçã, criou um mal-estar, deslocou-os para o Édipo. Foram expulsos do ventre materno pelo anjo-pai, com sua espada fálica, mostrando quem era o real detentor do falo, o falo castrador para Adão; o objeto de desejo para Eva que o encontrará em seu futuro cônjuge.

Adão e Eva passaram o restante dos seus dias à procura daquilo que perderam, tentando reconquistar seu lugar diante do completo. O que para os católicos representa a queda e o declínio de nossa espécie como seres parciais sem a presença divina, para a psicanálise, anuncia o princípio. A modida dada no fruto proibido, de maneira semelhante, deixou-nos faltando um pedaço também. Só assim poderíamos desejar.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

POR QUE PRECISAMOS DE SUPER-HERÓIS?

Acabo de assistir ao filme Push (traduzido como Heróis), que conta a história de um grupo de pessoas com poderes que são perseguidos por uma agência que deseja utilizar suas habilidades para fins não muito ortodoxos. Não há novidade alguma no enredo, contudo um fenômeno chama a atenção.

Da mesma forma que na clínica psicanalítica a repetição é um sinal do inconsciente, a avalanche de produções cinematográficas envolvendo super-heróis é um sinal de que algo (inconsciente) ocorre. No filme Superman Returns, apesar do fiasco de bilheteria, a pergunta que é feita nos serve de suporte: "Por que precisamos do Superman?", ou, no nosso caso, "Por que precisamos de Super-heróis"?

A tradição nos faz olhar para o passado. Quando Capitão América foi criado o mundo contemplava a arssenção do nazismo. Não era coincidência que seu arquiinimigo, o caveira vermelha, fosse nazista. O povo americano viu o manto negro do nazismo se estender por todo o mundo assim que Hilter ocupo a França. Sentindo-se solitário e abandonado eles conclamaram um salvador, um héroi. Foi então que em 1941, Joe Simon junto com Jack Kirby, criaram a figura de um super-herói que não apenas defendesse seu país, mas que carregasse no próprio corpo a bandeira dos Estados Unidos, daí nasceu o Capitão América.

Outro fato ilustrativo envolve a criação do Super-Homem. O homem de aço nasce 1938, publicado na revista ATCION COMIC número 1. Atrelado a isso temos uma série de fatores históricos: a crise das bolsas de valores em 1929 que jogou o país em uma recessão, nos anos posteriores o país ergue-se e começa disputar como uma das grandes potências, mas é assolado por uma 2ª grande guerra, e essa ameaça faz surgir a imagem de alguém SUPER. Alguém que viera de um planeta destruído e, como os Estados Unidos que viu sua grande nação sofrer com a 1ª guerra e com a crise de 29, portanto, precisavam de uma esperança, de um ícone, algo que fosse mais rápido que um trem, que pudesse saltar prédios, que os inimigos tremessem só de ouvir seu nome, eis que surge o Super-Homem, um homem indestrutível, como o seu povo desejava que assim o fosse seu próprio país.

Os super-heróis são a representação de nossas defesas, eles surgem, ou melhor, nós os criamos quando nos sentimos aflitos, são elementos simbólicos (criados pelo inconsciente) para suportar a finitude humana ou objetal. É um processo natual pelo qual todos temos que passar e que Freud ilustrou muito bem com o jogo do Fort-Da. O pai da psicanálise notou que na ausência de sua mãe, seu neto chorava compulsivamente, mas, determinado dia, após a saída da mãe, nada se ouviu. Intrigado Freud foi ver seu neto e o surpreendeu brincando com um carreteu que jogava e puxava para si, dizendo: "Fort (quando lançava) e Da (quando puxava de volta), em português poderíamos traduzir como: "Desapareceu-apareceu". Freud chegou a conclusão que o garoto simbolizara a ausência da mãe através do jogo e aprenderá a lidar com ela. Por isso, a partir de 2006, a efervecência de filmes de super-heróis representaria um novo clamor. A ilusão de que alguém SUPER poderá nos ajudar (o Chapolin Colorado?) em momentos de desespero.

Não é preciso procurar fatos para justificar isso, tendo em vista que são evidentes. Desde o 11 de setembro, a frase do ex-presidente George W(AR) Bush ecoa, como o sussurro de uma assombração nos ouvidos de todos: "Nós não estamos mais seguros...". Hoje, a crise financeira que perpassa as grandes potências e deixa amendrotados os países em desenvolvimento (e subdesenvolvidos), é o grande vilão. Talvez por isso, só esse ano tivemos o filme de Dragon Ball, X-Men: A origem de Wolverine, O exterminador do futuro - A salvação e teremos os lançamentos de G.I. Joe (Comandos em Ação), Transformers II, o quinto filme de Harry Potter... apenas para ilustrar o que dissemos.

Contudo, semelhante aos heróis de capa e cueca por cima da calça, que nunca morrem e concomitantemente não derrotam seus arquiinimigos, nós estamos fados na busca da terra do nunca..., estamos procurando viver dentro da matrix e os super-heróis são a nossa pílula azul que nos mantém feliz dentro de uma ilusão. É necessário despertar desse sonhos de uma noite de verão e acordamos para a nossa responsabilidade enquanto humanos, pois o final feliz só acontecem com a participação efetiva das personagens, ou seja, nós!

domingo, 10 de maio de 2009

A 1ª PESSOA NA CARTA ARGUMENTATIVA: O NÃO-EU

Quando a UFPE e a UFRPE optaram por trabalhar com mais um gênero em suas redações foi comemorado como nunca pelos feras que já estavam cansados da dissertação, pois esse novo modelo possibilita o uso da 1ª pessoa do singular (para alguns, a chance de dizer finalmente! "Eu penso", "Na minha opinião", "Eu acho").

Alguns professores levados pela enforia dos seus alunos teceram rios de elogios sobre a carta argumentativa, mostrando como escrevê-la seria muito simples e, em tom profético, anunciaram que aqueles que nunca conseguiram produzir duas linhas de qualquer texto conseguiriam, finalmente, escrever uma redação com chances a passar em 1º lugar! Optamos pela precaução, antes de empunhar a bandeira da falsa liberdade (em prol do lucro dos que acreditam nessas promessas).

Vamos, primeiramente, pensar sobre o que é a carta argumentativa. Esse gênero, para os vestibulares, significa a usar a primeira pessoa do singular (EU), já que é dirigida a alguém que está anunciada no vocativo (Senhor Fulano de Tal, Vossa Excelência Presidente da República, Vossa Majestade Rainha Elizabeth...), mas eis que é exatamente aí que começam os questionamentos. Sendo o vocativo alguém que o fera não conhece isso implica, invariavelmente, que o "EU" é um "não-eu", ou seja, o fera que se anuncia através do EU é um falso fera, pois ele nunca conversou com o Presidente da República, com a Rainha Elizabeth, com um terrorista... Logo, quando o fera se dirige a essas pessoas ele finge, imagina, inventa, que está num diálogo com essas pessoas. O candidato passa-se por uma personagem.

A palavra personagem é de origem latina, persona que quer dizer máscara. Na grécia antiga, os atores usavam máscaras para representar suas personagens, daí a personagem ser alguém que finge ser um outro. No francês, personnne, significa ninguém. Portanto, aquele que escreve a carta argumentativa é um personagem, não o fera em si. Para deixar claro o que estamos falando, vamos analisar a proposta de 2008 que estreiou a carta argumentativa em nossos vestibulares:

"Imagine que você assistiu a uma conferência em que um cientista defendeu a idéia de que o ser humano, ao longo do tempo, tem evoluído em muitos aspectos. Agora, elabore uma carta formal, dirigida a esse cientista, na qual você manifeste sua opinião acerca do presente tema, argumentando a favor das idéias defendidas ou contra elas."

Façamos uma simples pergunta: quais dos alunos que faziam a prova de redação naquele dia assitiram realmente à conferência? Resposta: NENHUM! Logo, eles estavam assumindo uma personagem, vestindo sua máscara.

O que nos leva a uma conclusão estranha e contraditória em relação ao festejar do início do texto. A dissertação, escrita na 3ª pessoa do singular ou plural, acaba sendo mais pessoal do que a carta, pois na dissertação todas as palavras são do fera (claro que sem a presença do pronome EU), enquanto a carta argumentativa trabalha com um EU falsificado, pois trata-se de uma personagem.

Como argumento final gostaríamos apenas de dizer que a carta é um gênero bastante interessante e que deve ser trabalhando pelos candidatos que prestarão o vestibular de 2010 para a UFPE (tendo em vista que a UFRPE aderiu ao ENEM e, por enquanto, não há carta argumentativa neste), mas toda a precaução é bem vinda para não caírmos em falsas promessas e explicações superficiais que nos levam para a beira do abismo, em vez de conduzimo-nos as portas do céu!

OBS.: Aqueles que estranharam o uso do artigo "a" antes da palavra personagem, fiquem cientes de que no Dicionário Aurélio ela é classificada como substantivo feminino.

Obrigado pela leitura!

DÚVIDAS: l.antonion@gmail.com

terça-feira, 21 de abril de 2009

"Em pleno século XXI, temos fome de quê?" - Tema da UPE de 2008


A UPE brinca com os feras mais nervosos, aqueles que mal lêem o tema, começam imediatamente a produzir seus textos; calma! É o que costumo pedir aos meus alunos quando estão diante da proposta de redação. Analisar rapidamente pode ser o primeiro passo para levar todo o esforço de um ano por água abaixo.

O tema de 2008 mexeu com um elemento da língua portuguesa que, muitas vezes, escapa ao domínio da gramática: a linguagem figurada. Liguagem figurada é quando usamos as palavras com outro sentido que não o consagrado pelo dicionário. Exemplo crasso disso são os provérbios e ditos populares. "Nenhum homem é uma ilha", nesta frase a palavra ilha não quer dizer uma porção de terra circundada de água, mas sim solidão. "Nenhum homem é uma ilha", quer dizer que nenhum homem poder vider sozinho.
Por isso, a temática da UPE exigia dos cadidatos uma atenção redobrada, pois o fera que falasse de comida estaria sujeito a levar ponto de corte na redação. Mas, enfim, a palavra fome quer dizer o que exatamente? No tema, fome está na linguagem figurada, logo equivale a necessidade, ou seja, traduzindo o tema teríamos: Em pleno século XXI, temos NECESSIDADE de quê?
Trara-se de um tema filosófico (que é muito comum na UPE). Mas, por que é uma tema filosófico? "Será que tenho que filosofar ou saber de filosofia?", poderiam perguntar alguns feras. Não! O tema filosófico indica que há uma grande possibilidade de assuntos a serem discutidos. Para o tema em questão, redações que falassem sobre justiça, igualdade social, condição de vida, educação..., estariam dentro da proposta.
O tema filosófico, muito diferente do que pensam alguns, é muito bom, pois evita a fulga do tema que conduz necessariamente ao ponto de corte. Os feras que irão fazer o vestibular da UPE neste ano de 2009, não devem se preocupar com o tema filosófico, já que ele possibilita maior liberdade e criatividade.

É isso, pessoal! Muito obrigado por sua leitura!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

“Beber e não dirigir: consciência ou imposição?” – Tema da UPE de 2008

A Universidade de Pernambuco (UPE) costuma propor temas bastante atuais para a discussão dos feras, o que é bom, pois possibilita reflexão sobre um tema que está nos círculos midiáticos, mas, por outro lado, pega desprevenidos aqueles feras que levados pelo oba, oba dos meios televisivos acabam produzindo textos vazios, com idéias redundantes ou repletas de preconceitos (o que, venhamos e convenhamos, faz parte do repertórios de muitos programas policiais).

A proposta traz uma pergunta seguida de duas opções: consciência? imposição?, qual fosse a escolha do fera ele deveria se remeter a lei seca. O candidato que optasse pela temática da conscientização estaria, necessariamente, assumindo uma postura contrária a lei seca; já aqueles que trabalhassem com a imposição seriam a favor. O que não significa dizer que a dissertação (ou a carta argumentativa) deveria falar em sua totalidade sobre a lei seca, ou seja, redações que se predispusessem a explicá-la ou comentar sua implementação no Brasil, poderiam ser consideradas pela banca como fuga ao tema.

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A lei seca, implementada no ano passado, tinha como função primordial inibir o consumo de bebida alcoólica por pessoas que fossem dirigir. A medida causou polêmica pela radicalidade, o condutor pego com qualquer quantidade de álcool no sangue seria multado e teria o veículo apreendido. Logo, o que se discute é a liberdade. Jean Paul Sartre disse certa vez: “O homem está condenado a ser livre”. Pois, segundo ele, com a supremacia da ciência (e, portanto, vitória do pensamento socrático-platônico) no século XX, estaríamos fadados a governar nossas vidas da maneira como bem desejássemos. Mas, será que sabemos realmente ser livres? E outra pergunta que já aparece como resposta, por que Sartre usa a palavra “condenado”?


A liberdade torna-se um assunto recorrente no final da década de 40, quando presenciamos o fim da 2ª guerra mundial. Após vermos a ascensão e queda de Hitler, passamos a temer o aprisionamento, a não-liberdade. Esse temor nos fez renegar a palavra “não”. O “não” representava tudo aquilo que temíamos tanto, não é à-toa que algumas pedagogias começaram a proclamar que não se podia bater nos filhos ou, segundo Caetano Veloso em sua música homônima: “É proibido proibir”. Mas, o que ganhamos com tamanha liberdade? Com o medo de dizer um não, ganhamos o direito de transgredir, passamos a nos achar no direito de romper com as regras estabelecidas. A tradição estava esquecida.

Será que é por isso que hoje, estamos tão indiferentes para com o outro? Podemos bater e matar alguém sem pensar nas conseqüências? Um comentário, presente no documentário Pro dia nascer feliz de João Jardim, onde uma aluna que matou a facas uma colega pelo simples fato desta não ter permitido a entrada daquela numa festa, mostra que nossa liberdade parece não pertencer-nos.

O que dizer da internet, uma terra de ninguém, onde tudo é possível? Que abriu caminho para a pedofilia e crimes de agressão moral, como o caso daquela professora que teve o seu perfil no Orkut clonado por alunos, nele ela era classificada com alcoólatra e bissexual? Se soubéssemos ser livres realmente, não seria uma questão de consciência saber que ao beber não se deve dirigir?

A lei seca é a prova de que o ser humano não sabe ser livre, que ele não consegue conviver com a variedade de opções. É necessário haver um controle para que a convivência social seja garantida. Nem todos possuem um compromisso com o próximo, que seja, então, através de uma lei, de uma imposição judicial, já que a mesma ciência que deu ao homem a racionalidade, deu-lhe a confiança de, por ser regido pela razão, saber quando estaria completamente alcoolizado e, portanto, impossibilitado de dirigir ou saber quando apenas alguns goles não abalam sua coordenação. Infelizmente esquecemos que o álcool deturpa primeiramente, nossa capacidade de discernir as coisas, ou seja, depois de alguns goles de nada serve nossa ciência, muito menos nossa razão.