sábado, 31 de maio de 2008

INTERPRETAÇÃO VERSUS COMPREENSÃO Parte - 2 (A compreensão)


A compreensão é completamente diferente e se faz por meio de uma teoria. Quando um juiz julga algo ele fez um curso para saber fazê-lo, ou seja, ele está munido de um repertório teórico para fazer um julgamento. No dia-a-dia o que se vê são apenas interpretações, pessoas que falam a partir de suas próprias experiências, mas há uma compreensão a respeito dos fatos, no entanto a pessoas precisão compreender que um conjunto de teorias são necessários para aplicar. Quando em sala de aula, nos debruçamos a "interpretar" (as aspas são propositais), na verdade desejamos realizar uma compreensão, saber aquilo que o texto diz, não "advinhar o que o autor esta a pensar", pois seria missão deveras falha. Compreender um determinado assunto não é interpretar. São elementos distintos.

sábado, 24 de maio de 2008

INTERPRETAÇÃO VERSUS COMPREENSÃO Parte - 1 (A interpretação)

Ao ler uma entrevista com a lingüísta Oni Orlandi. (para aqueles que desconhecem a ciência que estuda a linguagem, ela faz parte dos cursos de Letras). Em dado momento ela colocou algo que para mim foi determinante, disse ela que interpretar é algo subjetivo, mas compreender é algo teórico.
Interpretar é analisar o mundo através de mim. Quando eu observo e julgo o outro a partir de minhas concepções, trata-se de uma atitude muitas vezes preconceituosa, superficial. Filosoficamente seria chamado de senso-comum. Os programas futebolísticos são bons exemplos de interpretação. Não há a disciplina futebol, ninguém faz faculdade sobre futebol, mesmo aqueles que se julgam entendedores do assunto, assim o são considerados por terem experiência, ex-jogadores, ex-técnicos..., por isso há as tais "divergências". Falam do mesmo assunto, mas falam coisas completamente diferentes. Não digo que a interpretar seja dizer algo errado, o fundamento é outro. É um saber parcial, repleto de crendices; superficial a ponto da pessoa muitas vezes desconhecer a origem de tal idéia: "É o que dizem" ou "As pessoas falam muito isso", ou não sabe, apenas diz supondo ser seu saber, sua opinião.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Isabela Nardoni: fatos esquecidos

O caso Isabela Nardoni está presente em todos os meios de comunicação: jornal, revistas, rádio e televisão. Não há como não saber. O jornal da Band fez até uma pesquisa para saber a percentagem de brasileiros que já ouviu falar sobre o assunto.
Não estou aqui para mostrar aquilo que todos já sabem, não vim dizer aquilo que a todo o instante as pessoas já falaram ou até já inventaram sobre a morte da menina. No entanto, algo me chamou a atenção nesse caso. Quando o corpo da menina foi encontrado e a mídia teve acesso ao detalhes, no início superficial a despeito do que havia ocorrido, no dia seguinte os culpados foram encontrados.
O problema é que a mídia apontou o pai e madrasta como PRINCIPAIS suspeitos antes mesmo de a polícia concluir algo. No final de semana, especiais era montados, vizinhos eram entrevistados e os argumentos sempre os mesmo, provar que os culpados eram o pai e madrasta.
As pessoas não perceberam que na verdade isso ocorre o tempo inteiro, a mídia escolhe sempre seus suspeitos e culpados, antes mesmo das autoridades legais fazê-lo. Talvez um filósofo chamado Foucault tenha explicitado isso quando afirmou em seu livro "A ordem do discurso" que nós temos uma necessidade de verdade, que necessariamente não precisa ser a verdade.
Nesse caso em particular essas palavras ganham sentido. Não importa para as pessoas se a mídia detém a verdade ou não, mas a cobrança social por uma verdade faz com que aquela produzida seja a consumida e aceita com sendo, dentre todas as outras, A VERDADE primerva. Mas, alguém poderia dizer: "O pai e a madrasta são os culpados, a polícia provou isso, a mídia estava certa!", mas e se estivesse errada e se não fosses eles, até que ponto essa escolha antecipada poderia influenciar nas investigações?
Saber olhar a mídia de uma maneira crítica é papel da sociedade, mas como poderemos confiar na sociedade se esta ainda olha com uma fascinação ímpar a "caixa mágica" que fala ao aperto de um botão. A visão ingénua dos telespectadores faz com que a mídia ganhe poder, nós estamos fortalecendo a mídia e a mídia está vendando nossos olhos.