sábado, 5 de setembro de 2009

POR QUE NÃO TEMOS O PRETÉRITO MAIS-QUE-IMPERFEITO?

A gramática é clara em sua definição: "O pretérito mais-que-perfeito é um passado que se remete a outro passado." Como assim? Existe um passado anterior a outro passado? Exatamente! O que é necessário compreender é que há ações que pessoas realizaram antes das nossas. Imaginemos, para ilustrarmos, o ano de 1.500, descobrimento do Brasil. Nenhum dos leitores deste blogger passou por aquela experiência, portanto podemos lembrar do que fizemos a 15 minutos, ontem, anteontem..., mas os fatos ocorridos quando Cabral avistou nossa costa (a não ser pelos livros de história) não somos capazes de rememorar. Por isso diríamos sem titubear:

"Eu não havia nascido quando Cabral CHEGARA ao Brasil".

Mas, os leitores com uma percepção linguística afiada perguntariam: "Só podemos usar o Pretérito Mais-Que-Perfeito quando nos remetermos a passados 'pré-históricos', ou seja, eventos ocorridos antes de nossos nascimentos?" Não! A história acima é apenas ilustrativa. Sabemos que enquanto realizamos uma ação alguém pode tê-la feito antes. É o caso de ir ao banco. Se desejo chegar no banco cedo para evitar filas é bem provável que mesmo saindo antes do galo cantar haja alguém lá que passou a noite. Para narrar o episódio diríamos:

"Eu cheguei cedo no Banco, mas alguém CHEGARA antes de mim."

O Mais-Que-Perfeito nasce da 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito (NOS VERBOS REGULARES); corta-se o "m" final e acrescentam-se as desinências número-temporais correspondentes.

Exemplo:

Pretérito perfeito do verbo amar (ONTEM ELES AMARAM), sem o "m" final fica "AMARA". Pronto, agora é só conjugar:

Eu AMARA
Tu AMARAS
Ele AMARA
Nós AMÁRAMOS
Vós AMÁREIS
Eles AMARAM

A única mudança ocorreu na 2ª pessoa do plural, as demais seguem a regra.

Vamos agora à pergunta do título:

O pretérito MAIS-QUE-PERFEITO é um tempo verbal que aconteceu antes de outro fato que também já terminou. Dos outros pretéritos que temos (o perfeito e o imperfeito), somente o PERFEITO faz menção a ações concluídas no passado. Logo, dizer FIZ, FUI, CANTEI, implica afirmar, respectivamente, que EU JÁ FIZ ALGUMA COISA, JÁ FUI A DETERMINADO LOCAL E CANTEI TAL MÚSICA, mas agora essa ação não é mais praticada. Portanto, os verbos, na grande maioria, que utilizamos antes do MAIS-QUE-PERFEITO estão no pretérito perfeito do indicativo.

Exemplo: "Assim que eu cheguei, ele saíra".

CHEGUEI - 1ª pessoa do singular do pretérito perfeiro do indicativo do verbo CHEGAR.

SAÍRA (extraído da 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito - ONTEM ELES SAÍRAM; corta-se o "m", fica-se SAÍRA) - 3ª pessoa do singular do pretérito mais-que-perfeito).

Nenhum comentário: