quinta-feira, 15 de outubro de 2009

DIA DO PROFESSOR: O QUE COMEMORAR?


A data que antecede o dia do professor (o dia 14 de outubro) foi marcado por um sentimento simples e franco: frustração.

Não caro leitor, nada há de especial no dia 14, mas o posterior sim e este não foi lembrado por grande parte dos alunos que leciono. Quando não me parabenizavam quase como uma zombaria, pois eles (meus alunos) festejavam o feriado. Sim! O dia do professor é apenas mais um feriado.

"Você precisa estimular seus alunos a valorizar o dia do professor", diram certos discurso pedagógicos. Fico a perguntar-me se detrás de suas cátedras, o professores que escrevem livrinhos R$ 1,99 e dão palestras R$ 100, 99 teriam algo menos redundante para dizer.

Após lecionar no período diurno e tacidurno, percebi que a pergunta mais inteligente que meus alunos conseguiram me fazer foi: "Posso beber água?" ou "Posso ir ao banheiro?"; mas somos nós, professores, que estamos lecionado errado. O problema da educação é culpa nossa. Não são os baixos-salários, as péssimas condições de trabalho, a extensa jornada de trabalho, a degradação social, baseada no imperativo do consumo, muito menos uma sociedade que pensa como a Globo e fala pela Globo..., não! Os livrinhos com fórmulas prontas e miraculosas (que detalhe: só funcionaram com as pessoas que os escreveram, pois as demais que não souberam aplicar aqueles métodos são taxados... - advinhem? - de incompetentes).

Uma educação que tem por base o ensino particular, e este é mediado pelo código do consumidor (trazendo a máxima: "O freguês tem sempre razão!"), não pode funcionar. O que vemos? Ensina-se cada vez menos, o nível dos conteúdos decai, já que é preciso conservar o alunos. Aluno reprovado é aluno transferido. Portanto, quantidade, não qualidade. O pouco que se ensina ainda não é adequado, tendo em vista que as notas baixas são maioria. Faz-se um trabalho aqui, arruma-se um ponto ali e pronto! O milagre da aprovação.

O que os livrinhos não falam é que a educação deve sofrer uma revolução. O narcisismo parterno é justo, esse é seu papel. O papel da escola é educar, transmitir conhecimento, desenvolver conhecimentos. Pois, se o conhecimento encalhar (que é isso que a televisão faz!), o ser humano pára. É mais fácil escrever livrinhos propondo soluções hipotéticas, do que escrevê-los para propor uma reestruturação total do ensino. A partir de suas bases, a partir daquilo que o professor precisa para dar aula: RESPEITO! A palavra respeito está no sentido amplo: desde o silêncio, que é sim algo importante para haver transmissão do conteúdo, que para aqueles que vivem de vender ilusões para vender livros, é importante! Repito: o conteúdo é importante! Pois, o saber liberta.

Mas, o candidato que priorizava a educação: Cristovão Buarque, recebeu 2,5% dos votos nas eleições de 2006. Não creio mais, diferente dos vendedores de livrinhos, que um belo dia nossos pobres e miseráveis vão despertar com o sintoma da consciência, que no mínimo foi implementado pelos educadores, magicamente, e tudo irá mudar. Não! A revolução virá, primeiro, do nível superior, das faculdades, dos professores e estudantes universitários. Eles podem mudar algo, pois possuem o discurso científico e as pesquisas para provar aquilo que todos sabem, mas aparentemente ninguém deseja falar: nossa educação está um lixo, nosso alunos não possuem outra função a não ser tornarem-se futuros consumidores e apenas isso, quem não pensa, não pode controlar o impulso para comprar e se endividar, essa é a lógica do capital é disso que precisa para sobreviver, fazer com que as pessoas comprem, comprem e comprem.

Contudo, alguém, lá no final da fila proclamará: "A culpa é dos professores!" e todos vão se regorzijar, porque é mais fácil assim. Eles finjem que mudam e nós (os professores) figimos que fazemos mudar. Por isso, lembre-se: os culpados somos nós!

Nenhum comentário: