segunda-feira, 5 de abril de 2010

O MOVIMENTO EMO

EMO seria uma abreviação da palavra inglesa "emotion" (emoção). São pessoas que se vestem de preto (ou roupas escuras), pintam os cabelos com o intuito de criar um visual mais sombrio e aparentam melancolia e tristeza constante. Mesmo que isso seja caricatural ou que em algum momento essa descrição não alcance todos os aspectos dos emo's hoje, o que me faz falar deles é exatamente a última parte a tristeza.

Suas fotos que podem ser conferidas em vários fotolog's espalhados pela internet revelam isso. Estão sempre sérios ou em atitudes que contradizem alguém que está feliz por pertencer a um grupo de amigos, estar em um momento de descontração... Suas representações em forma de cartoom, como a foto escolhida para ilustrar nossa postagem, trazem emoções exaltadas, atitudes que beiram a paranóia, feições sombrias... parece se constratar com outro tipo de imagem
viculado nos comerciais de cerveja - não estou em momento algum afirmando que o movimento emo surgiu em oposição as garotas dos comerciais de cerveja, mas que as mulheres dos comerciais de cerveja são estereotipos para aquilo que alguns teóricos, dentre eles o psicanalista francês Charles Melman, chamam de "imperativo da felicidade".

Essas duas imagens postas logo acima demonstram bem esse antagonismo. Enquanto a mulher do comercial de cerveja está seminua, a menina emo veste-se dos pés a cabeça; esta se já não os têm tinge os cabelos de preto, aquela, de loiro; a primeira é serviçal, a segunda, radical; a mulher do comercial de cerveja esbanja sorrisos, a menina emo permanece séria.

Quando a tristeza vira moda significa que algo está acontecendo. E o movimento emo, para mim, representa exatamente isso, um manifesto a tristeza. Num mundo onde ninguém pode ficar triste, pois está deprimido ou estressado, um grupo de jovens veste-se para de preto (como se estivessem em luto). A indústria dos antidepressivos suprime o soma do Admirável Mundo Novo do Hurxley, as pessoas fazem festa quando se divorciam, vão ao shopping quando estão chateadas, ou seja, impedem a si próprias de sentir-se "down".

E aqueles jovens esquisitos estão tentando nos mostrar como estamos sendo obrigados a sermos felizes, procurando essa felicidade, no consumo, no sexo, na internet, nos remédios, nas academias, nos shopping centers..., em todos os lugares..., mas será que a tristeza é tão ruim assim? Ficar em casa sozinho, sem querer ver ninguém..., é, pensando bem, ao fazer isso não estamos gastando dinheiro, não estamos fazendo a máquina do consumo funcionar, talvez seja por isso que os comercias mostrem pessoas alegres, felizes ao comprarem.

Aquele grupo de esquisitões vestidos de preto que vivem passando por nós na rua com um certo olhar de desprezo esteja nos dando uma lição e tanto, ao usa a tristeza como badeira de guerra façam com que a gente pense: "Quando foi a última vez que me deixe ficar triste?", mas triste mesmo, não aquela vez em que alguém ligou para mim e me chamou para sair, pois não queria me ver "down"? Quando foi a última vez que deixei que a tristeza realmente ficasse em mim e que depois de alguns dias passasse como uma gripe, e como esta, que eu sentisse que meu corpo ficou mais forte, que aprendi algo, ganhei experiência? Quando? Sem livros de auto-ajuda, sem msn messeger tendo convulsões de pessoas me dando conselhos baratos?

Ficar deitado numa cama sem contato com o mundo, sozinho. E aí vem outra pergunta, quando foi a última vez que fiquei só ouvindo Everybody Hurts do R.E.M.. Quando?

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